
A batata-doce é uma espécie originária da América do Sul e Central. Existem evidências da sua utilização há mais de dez mil anos no Peru e, na América Central, na região ocupada pelos Maias.
A sua introdução na Europa terá ocorrido no final do século XV, após a descoberta da América, tendo sido posteriormente levada pelos portugueses para Angola, Moçambique, Índia e outros territórios, o que contribuiu para a sua disseminação pelos continentes africano e asiático. Atualmente, a China é o maior produtor mundial de batata-doce.
Na Europa, a produção é relativamente reduzida quando comparada com outras regiões do globo, embora se verifique uma tendência de aumento da área cultivada. Os principais produtores europeus são Espanha, Portugal, Itália e Grécia (FAOSTAT, 2023). Em Portugal, estima-se que a área de produção se situe, desde 2020, em cerca de 1 500 hectares (Ferreira, 2021), com maior expressão no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. É nesta região, em Aljezur, que se encontra a variedade Lira, distinguida com Indicação Geográfica Protegida (IGP).
A batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam.) é uma planta da família das Convolvuláceas, tradicionalmente cultivada ao ar livre durante a primavera, o verão e o outono, sobretudo em hortas familiares. O aumento da procura por parte dos consumidores, motivado pelas suas reconhecidas qualidades organoléticas e nutricionais, tem impulsionado a expansão desta cultura a nível nacional.
No âmbito dos trabalhos desenvolvidos pela CCDR Algarve, I.P. / Agricultura e Pescas na área da Agricultura Biológica (AB), foi instalado no Centro de Experimentação Hortofrutícola do Patacão (CEHFP) um ensaio com três variedades de batata-doce, incluindo a variedade Lira.
Este trabalho integra-se no Projeto PRR do Polo de Inovação de Faro (C05-i03-P-000038) e tem como principais objetivos:
- comparar a produção das três variedades e a sua adaptação à AB nas condições edafo-climáticas da região do Algarve, nomeadamente no Sotavento algarvio;
- monitorizar pragas, doenças e auxiliares da cultura.
O ensaio foi instalado a 3 de junho de 2025, numa área destinada há largos anos às culturas de ar livre em AB, e ocupou uma parte dessa área (cerca de 920 m2), com um compasso de plantação de 80 cm x 40 cm, quatro repetições e 25 plantas por parcela. O material vegetal foi cedido pela Associação dos Produtores de Batata-doce de Aljezur.
A condução do ensaio esteve a cargo dos técnicos da CCDR Algarve, António Marreiros e Sandra Germano, e do técnico da referida Associação, Pedro Louro.
O ensaio decorreu até 13 de outubro de 2025, tendo apresentado produções muito satisfatórias, sem registo de problemas significativos de pragas ou doenças, e um bom desenvolvimento vegetativo da cultura.
Os resultados detalhados serão divulgados oportunamente.